Epigenética: suas escolhas vão muito além de você.

geneticHá muito tempo, o homem percebeu que de duas pessoas bem claras não poderia sair uma criança escura e vice-versa. De pessoas baixas não sairia alguém muito alto, o nariz acompanhava a tendência dos pais, a cor dos olhos também. Estas foram as primeiras noções de genética, fáceis de constatar. Depois, começaram a descobrir que algumas doenças se repetiam por gerações, que alguns tipos de câncer eram herdados, e começaram a isolar e identificar os genes. Hoje, a ciência começa a ir além, de uma forma dinâmica, identifica o efeito dos nossos hábitos e atitudes através de gerações. Percebe-se que nem tudo é estático e o que fazemos irá refletir na vida de nossos filhos e netos. O nome dessa parte da ciência é epigenética.
Em uma pesquisa com mulheres grávidas envolvidas na tragédia das torres gêmeas, constatou-se que os bebês nascidos das mães que sofreram de estresse pós-traumático nasceram com resposta alterada ao estresse. É fácil associar isto a mudanças hormonais durante a gestação e a uma transmissão direta para o feto. Mas vai muito além disso. O estresse modifica definitivamente o DNA, e isto é provado pois pesquisas mostraram que homens muito estressados casados com mulheres tranquilas também podem ter filhos mais ansiosos. Já começa-se a perceber também que as mudanças se transmitem a mais de uma geração provando que não são efeito apenas do momento da gestação.
Quando nos alimentamos mal, não prejudicamos apenas a nós mesmos. Por mais que cuidemos de nossos bebês, eles serão um reflexo do nosso padrão de vida, assim como seus filhos. Crianças nascidas de gestantes obesas têm muito mais chances de serem gordas pelo resto de suas vidas, mesmo que se alimentem muito bem. As que nascem de mães desnutridas também, já nascem com um metabolismo adequado à falta de energia, logo queimam menos calorias e têm tendência a serem obesas. As escolhas de uma gestante são incrivelmente importantes, já que comer qualquer coisa só porque se tem desejos ou fazer dietas malucas para não estragar o corpo irão determinar o funcionamento de outro organismo para uma vida toda.
Usar suplementos demais também faz com que futuras gerações já nasçam precisando de uma concentração maior de nutrientes, como no caso do ácido fólico. Logo, cuidado: suplementar é importante mas usar vitaminas demais também pode ser muito prejudicial. É por isso que comer os nutrientes em alimentos ricos é sempe a melhor alternativa. Comer ovos, por exemplo, fornece altos níveis de colina, que faz com que bebês sejam, desde o começo, mais resistentes ao estresse.
O estresse também afeta claramente a saúde das próximas gerações. Mães ansiosas têm filhos com mais problemas de atenção, aprendizado, depressão. Os homens também transmitem sua ansiedade: pesquisas com ratos submetidos a 6 semanas de estresse mostraram alterações no DNA que foram passadas para descendentes que nasceram muito mais suscetíveis a transtornos psicológicos.
Outros diversos fatores também já foram comprovados. Pessoas que se exercitam, dormem bem, pegam sol e têm contato com a natureza comprovadamente deixam gerações mais saudáveis para nosso planeta. Isso nos obriga a refletir sobre a imensa bola de neve que estamos criando geração após geração de pessoas obesas, estressadas e sedentárias. Se você acha que é difícil mudar seus hábitos, um pouco é culpa de seus pais e avós que lhe transmitiram tendências… mas faça um esforço e lute contra suas propensões não só por si mesmo mas por seus filhos e netos, só assim conseguiremos equilibrar a balança para o lado da saúde e mudaremos as assustadoras estatísticas crescentes de obesidade, sendentarismo e doenças mentais.

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