A essência do exercício humano

O gelo foi inventado em 1834, a geladeira alguns anos após isso. Antes disso, comida fresca precisava ser buscada, encontrada, alcançada, quebrada, amassada, descascada pra depois ser comida. A sociedade como conhecemos começou a ser construida aproximadamente 10.000 anos atrás. Isso parece muito muito tempo mas, se comparado aos mais de 500.000 anos de nossa espécie, é uma parte muito pequena de nossa evolução. Nosso corpo e nossos genes ainda estão se adaptando aos novos hábitos.

Então para que tipo de exercício somos programados? Nossas funções na vida eram muito primitivas, por mais que tentemos ignorar esta realidade ela existe: somos animais. Passávamos o dia em busca de alimento e abrigo. Vivíamos para sobreviver, éramos feitos de momentos, não existiam planos para o futuro, dinheiro, construções e muito menos governantes corruptos. Como a de qualquer animal selvagem, nossa rotina era de exercícios variados e constantes intercalados com momentos de prazer e descanso. Fazíamos parte da cadeia alimentar de igual para igual. Era matar ou morrer.

Precisávamos fugir de animais que adorariam nos ter para o jantar, ou seja, a corrida para nós significava correr o mais rápido possível até cansar. Ninguém corria vários quilômetros fugindo de uma onça. Ou achava um abrigo, subia em uma árvore, acertava uma marretada forte na cabeça dela, ou já era. Funcionávamos em explosões, no nosso limite até cansar. Nadávamos, corríamos, pulávamos, subíamos em árvores, brigávamos com diversos animais e criávamos instrumentos pesados para nos defendermos. Sim, nós fazíamos muita musculação.

Muitas vezes também estávamos do outro lado, o de buscar a comida. Esse era outro grande exercício. E como comentei antes, não haviam geladeiras ou cozinhas com lindos armários para colocar comidas prontas em pacotes ou latas. Éramos nômades, os recursos em cada lugar duravam pouco e não fazia sentido carregar coisas. Tudo precisava ser buscado. Sentíamos fome e saíamos a procura de comida. Imagine o trabalho para beber uma simples água de côco: além de subir o coqueiro inteiro era preciso abrir o côco. Nem parece que falo da mesma espécie, que 99% dos genes ainda são os mesmos. Os descendentes de “Tarzans” evoluíram a pessoas que dependem de elevadores, escadas rolantes e vidros elétricos (nem falo em carros, mas hoje até girar uma manivela é muito esforço!).

Sabemos que fazíamos muito exercício, mas o que se sabe também é que todo o exercício gera um certo grau de inflamação sendo que este tem um limite entre o saudável e o prejudicial e existem variações genéticas para o grau de resistência. Exercícios como correr longas distâncias, nadar, pedalar ou outros de desgaste muito prolongado não são de nossa natureza e comprovadamente nos deixam mais inflamados por dentro podendo causar doenças. Por isso é que seguidamente vemos atletas que considerávamos super-saudáveis simplesmente infartarem de uma hora para a outra. O exercício pode acabar fazendo mal. Às vezes, até se pode propor esta sobrecarga para o organismo, mas sempre que praticados precisam ter altos níveis de nutrientes protetores associados.

Uma boa idéia sabendo que geramos um grau de inflamação é buscarmos um anti-inflamatório. Não falo em tomar comprimidos cheios de efeitos colaterais. Sabe qual o principal e mais potente anti-inflamatório que existe? O sono.

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